Património Religioso

Igreja de N.ª Sr.ª da Lagoa

A primitiva igreja gótica é construída na segunda metade do século XIII, sendo a sua referência mais antiga do tempo do rei D. Dinis. Em virtude da peste negra que assolou a região, a igreja original desaparece no reinado de D. João I, dando azo à construção de uma nova Matriz, uma vez que as reduzidas dimensões do edifício não permitiam o sepultamento da população local. A construção da atual igreja matriz, da responsabilidade do arquiteto Pêro Gomes, é do século XVI, baseada no estilo renascentista, com três naves apoiadas em quatro colunas toscanas, onde predomina o xisto regional. O frontão encontra-se decorado com um painel de azulejos e encabeçado por uma Cruz da Ordem de Cristo, representativo de Nossa Senhora da Conceição. O altar-mor, composto por talha dourada, manifesta duas esculturas em madeira que representam Santo Agostinho e Santa Mónica. O seu interior está ornamentado com decorações artísticas dos séculos XVII e XVIII e com oito capelas laterais. É essencial destacar o túmulo de Gomes Martins Silvestre, primeiro alcaide e povoador de Monsaraz, construído em mármore de Estremoz, cuja face frontal mostra um cortejo fúnebre onde desfilam diversas figuras e no topo uma figura alusiva à atividade do cavaleiro templário.

Igreja da Misericórdia

A sua construção teve lugar a partir do século XVI, data da criação da Misericórdia, e ficou incorporada no complexo do antigo Hospital do Espírito Santo. Sendo uma igreja de arquitetura simples e retangular, de estilo barroco, esta encontra-se ladeada por duas capelas adornadas com talha dourada da segunda metade do século XVIII, ostentando uma imagem do Senhor Jesus dos Passos – padroeiro da vila de Monsaraz –, que fora oferecida pelo Duque de Bragança, D. Teodósio II. Na fachada, o escudo régio do tempo de D. José, trabalhado em mármore, confere-lhe alguma sobriedade. É de realçar ainda o fato de a Santa Casa da Misericórdia possuir, nas suas dependências anexas, um vasto centro documental datado de finais do século XVI.

Igreja de Santiago

De fundação remota e data desconhecida sabe-se, segundo os documentos existentes, que esta igreja já existia na segunda metade do século XIII. Primitiva benesse de Ordem de Santiago da Espada e, mais tarde, integrada na Ordem de Cristo, a igreja original desapareceu por completo, com exceção da moldura de uma obra gótica. A traça atual pertence ao reinado de D. José I, que encetou obras de reparação após os estragos provocados pelo terramoto de 1755. Na década de 80 do século XX, a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz procede ao restauro desta igreja, que se situa na falda ocidental da vila e contígua às casas que pertenceram a D. Durando Pais no período medieval. Presentemente, este monumento acolhe exposições de arte. Rua de Santiago 1, Monsaraz (38.443649, -7.380764)

Capela de São José

Localizada precisamente por cima de uma antiga moradia quatrocentista, esta capela barroca composta por um arco gótico foi fundada em 1708 pela mão de Domingos Lourenço Perdigão.

A sua arquitetura é simples e retangular.

Localizada na rua Direita, a capela de S. José foi erguida com o intuito de ministrar os ofícios divinos dos presos da cadeia da Comarca.

Capela de São João Batista (Cuba)

Esta ermida, que ficou englobada desde o século XVII no Baluarte de São João, apresenta uma curiosa forma cúbica de caráter mourisco, o que levou alguns investigadores a pensarem tratar-se de uma antiga cuba árabe. Outros, porém, atribuem-lhe uma origem quinhentista, período em que mudejarismo influenciou fortemente a arquitetura alentejana. O interior do templo encontra-se revestido por pinturas murais realizadas por artistas eborenses no ano de 1622.

De acordo com a documentação existente, este edifício religioso albergou o culto de uma Confraria de Monsaraz, designada por São João Baptista, A ermida, muito abandonada a partir de oitocentos, sofreu várias mutilações causadas por procura de tesouros imaginários e por obras levadas a efeito a partir da década de 60 do século XX. Em 1999 um amplo programa de restauração do edifício e das pinturas murais conferiu-lhe uma maior dignidade no conjunto monumental de Monsaraz e permitiu-nos conhecer um pouco melhor as suas origens quinhentistas.

Ermida de São Bento

Foi fundada nos finais do século XVI com os donativos dos moradores de Monsaraz para servir os cultos dominicais e as festas religiosas anuais. Implantada junto à porta da vila, a capela foi englobada pelo perímetro abaluartado construído à volta da povoação pelo engenheiro Jean Gilot durante as Guerras de Restauração. A capela apresenta uma estrutura de linhas simples, característica da arquitectura chã da zona eborense. A planta rectangular divide-se em dois corpos distintos, correspondendo à nave e à capela-mor, de secção mais reduzida que aquela. Do lado do Evangelho foi adossada a sacristia.A fachada principal divide-se em dois registos, sendo rematada lateralmente por contrafortes. No primeiro foi rasgado o portal, de moldura rectangular sem decoração, ladeado por duas janelas rectangulares. O conjunto é rematado por frontão triangular, rasgado ao centro por luneta. A nave, que compõe um espaço único, é coberta por abóbada de berço, não possuindo outros elementos decorativos. A capela-mor é revestida por cúpula, decorada com pintura mural de motivos de brutesco, executada em 1629, representando os símbolos do padroeiro, a mitra, o báculo e o cálice, bem como a cruz de Aviz, numa possível alusão ordem donatária do pequeno templo.

Ermida de São Bartolomeu

Já existia em 1279, no arrabalde fronteiriço à Porta da Vila, junto de um amplo largo com o mesmo nome, onde existe uma vasta necrópole de sepulturas rupestres, provavelmente cristãs.

Este templo encontra-se hoje adaptado a residência particular.

Ermida de Santa Catarina

Situada nos arredores de Monsaraz, a Ermida de Santa Catarina destaca-se pela sua singular estrutura acastelada, que vários autores atribuem a uma filiação templária. Fundado possivelmente no século XIII (ESPANCA, 1975), este pequeno templo é constituído por dois corpos distintos, um rectangular que corresponde à nave, e a abside, de secção hexagonal. A fachada apresenta um modelo simples, aberto no registo inferior por um portal de moldura recta, sobre o qual foi rasgado um óculo. O espaço da abside é rematado por um conjunto de merlões que forma uma torre, construída já no século XVI. No interior, a nave apresenta um espaço amplo com arco românico que permite o acesso à abside. Esta é coberta por cúpula ogival, sob a qual foi rasgado um conjunto de arcos de volta perfeita rematados por friso denticulado.

Ermida de São Lázaro

Situa-se no arrabalde oriental de Monsaraz, junto do caminho para a ermida de Santa Catarina. Foi fundada no séc. XIV com a função de apoio espiritual à leprosaria que lhe estava anexa.

Ermida de São Cristóvão

“Localizada na encosta sul de Monsaraz, junto à ladeira dos Bandalhos, encontra-se a Ermida de São Cristóvão, hoje em ruína. Tem vista privilegiada para a fortaleza medieval de Monsaraz. Está envolvida por vegetação densa e não é de fácil acesso. Desconhece-se a data e as origens da sua fundação. A profanação do edifício verificou-se nos fins do séc. XIX e, no ano de 1758 ainda se celebravam as festas tradicionais, mantidas porventura por romeiros vizinhos. Obra modesta de arquitetura religiosa popular, feita de grossa alvenaria xistosa, está orientada a poente numa clareira de sobreiros e oliveiras, com terreno liberto e revelando não ter possuído alpendre ou sacristia. O portal, de verga e jambas de ardósia, encontra-se desmoronado, bem como a abóbada que era de alvenaria e de volta perfeita. O interior, disposto em planta retangular e de alçados revelando vestígios de composições de escaiolas campesinas, apenas mostra, na ossatura da cabeceira, o amplo nicho de duplas molduras e arco redondo, despido da imagem padroeira.”

Ermida de São Sebastião

De traça quinhentista, é uma típica construção das pequenas igrejas rurais que povoam o Alentejo, composta por nave e cabeceira com cúpula hemisférica, rebocada e caiada. Em tempo idos, pertenceu à Câmara de Monsaraz que lhe promovia a Festa Anual de Fevereiro, devendo agrupar-se ao profundo culto do mártir centurião romano, que, a partir de D. João III/D. Sebastião, se intensificou na província transtagana. Tem vestígios de antiga composição pictórica mural, de que se pode ver do lado direito da cabeceira um painel representando São Francisco recebendo os estigmas, obra aparente de alvores de seiscentos. ​Após relativo abandono sofreu grandes benefícios nos últimos anos da década de 1960, a expensas da Casa Leal, de D. Catarina Saramago e de outros anónimos benfeitores paroquianos.

Igreja de Santo António

Foi lançada a primeira pedra a 27 de Outubro de 1887. O exterior é marcado por grandes arcobotantes e pela torre sineira, o que a torna num dos melhores exemplos de igrejas neogóticas em Portugal. Esta igreja teve as suas raízes históricas no ano de 1887, com a determinação da Junta da Paróquia de Reguengosde edificar um templo em terrenos dos Novos Paços do Concelho. Dedicada a Sto António, foi encomendado o projecto ao Arquitecto António José Dias da Silva (autor da Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa) resultando o edifício com características do espírito romântico da época gótico-manuelina. Mais tarde, na sequência do Concílio Vaticano II, sofreu obras de adaptação à ordenação determinada pela reforma litúrgica. De planta em cruz latina, com a torre sineira colocada a meio da fachada. O seu interior é composto por 3 naves, transepto saliente e na zona da cabeceira apresenta 3 capelas. O corpo da nave ritmado por gigantes arcobotantes, assim como a construção da torre a meio da frontaria, conduzem este templo a um dos melhores exemplares da arquitectura neo-gótica em Portugal.

Ermida de N.ª Sr.ª dos Remédios

No início do século XVI, o morgado João Mendes de Vasconcelos, diplomata influente nas cortes de D. Manuel e D. João III, mandou edificar dentro dos limites da propriedade do Esporão uma ermida, dedicada a Nossa Senhora dos Remédios . Desde a sua edificação a capela tornou-se objecto de um “intenso culto popular” na região, que se manteve até ao século XVIII. A capela apresenta uma curiosa estrutura coroada por merlões, de reminiscências militares, prolongando um modelo do tardo-gótico alentejano. O corpo principal da ermida é precedido por uma galilé de planta rectangular aberta por três arcos plenos, edificada no século XVIII. O corpo da nave, de espaço único e planimetria rectangular, é totalmente desprovido de decoração, mostrando inclusivamente o aparelho rústico da parede fundeira, que corresponde à fachada principal. Este espaço é coberto por abóbada de aresta assente sobre mísulas de gosto manuelino, cujas chaves ostentam a Cruz de Cristo e o escudo de armas dos primitivos padroeiros. A capela-mor, de planta quadrada e área menor que a nave, é também coberta por abóbada de arestas, com altar e nicho com imagem da padroeira. No entanto, todo este espaço é totalmente coberto com pinturas murais de exuberantes ornamentos de brutesco e molduras que integram alegorias marianas e do Espírito Santo, executadas em 1711, possivelmente por uma oficina eborense. Cerca de 2002 a Finagra, sociedade agrícola proprietária da Herdade do Esporão, mandou restaurar a estrutura da capela, incluindo o conjunto de pintura mural.

Igreja Matriz de São Pedro do Corval

Quanto à actual paróquia de São Pedro do Corval, a igreja matriz situa-se no Corval (antiga Aldeia do Mato). A sua construção ter-se-á iniciado em 1799 e finalizado em 1805, sendo que apenas em 1810 foi benzida. Essa construção resulta da acção de um patrono local, António Estevens Broeiro e de sua mulher, Josefa Maria, ambos sepultados na capela-mor (Diz o epitáfio: AQUI/IAS ANTONIO ESTE/VENS BROERO, E OS OSSOS DE SVA PR.A MV/LHER JOSEPHA MARIA/PRINCIPAIS FVNDADORES DESTA IGREIA/ DE S. PEDRO DE ALDEIA/DO MATO QUE SE RIS. COU EM 29 DE JUNHO /DE 1799 E SE BENZEO/ EM 11 DE ABRIL DE 1810(SVA PROPRIA PROVI/ZÃO DE 7 DE FEVE/REIRO DE 1816.). Da sua decoração exterior constam alguns elementos pombalinos e no interior destacam-se os revestimentos estreados e marmoreados. Da sacristia fazem parte o paramenteiro e o primitivo retábulo maneirista com dossel rococó de talha polícroma, provenientes da ermida anteriormente existente na aldeia, a de Nossa Senhora da Caridade (que conheceu graves danos com o terramoto de 1755). Num dos altares laterais da matriz, o do Santíssimo Sacramento, as imagens de S. José, do Menino Jesus e de Nª Srª das Dores também vieram da anterior ermida, sendo que o altar do lado do Evangelho apresenta a imagem de S. Sebastião, proveniente da ermida de S. Pedro, e a de Nª Sª do Rosário, ladeando a imagem central, de Santa Rita de Cássia.

Ermida de N.ª Sr.ª do Rosário

A data de fundação da Ermida de São Pedro permanece desconhecida, embora se saiba que a primeira visitação eclesiástica ocorreu no ano de 1534, pelo que o templo terá sido edificado possivelmente no início do século XVI. Posteriormente a primitiva estrutura manuelina terá sido aumentada, embora durante o terramoto de 1755 grande parte da frontaria tenha sido destruída, pelo que foram feitas obras de reconstrução da fachada na segunda metade do século XVIII, das quais se destacam a imponente torre sineira. De planta rectangular, a ermida possui nave única com cinco tramos e capela-mor quadrada, com dois altares colaterais. A fachada é rasgada ao centro por portal de moldura recta encimado por friso. Do lado direito foi edificada a torre sineira, de grandes dimensões. A capela-mor manuelina é rodeada por quatro torres cilíndricas coroadas com merlões. No interior, cujo espaço é coberto por abóbada, distinguem-se as duas capelas colaterais, uma com colunata toscana dedicada a Cristo Crucificado, a outra aberta por arcos plenos assentes sobre pilastras de alvenaria, dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Na década de 90 do século XX, durante obras de beneficiação do templo, foi descoberto um núcleo de frescos nas paredes da actual capela-mor, possivelmente de execução quinhentista.

Ermida de Nossa Senhora da Caridade (Corval)

A Ermida de Nª Srª da Caridade, com características construtivas da segunda metade do século XVII, viu as suas instalações serem adaptadas a novas funções e serve atualmente de Sede à Junta de Freguesia do Corval, sendo que já anteriormente fora a Escola da aldeia. A toponímia próxima deste antigo tempo é significativa, enunciando as Ruas da Ermida e a Rua da Aula. Benzida em 1727, esta igreja sofreu graves danos no arco da capela.

Ermida de N.ª Sr.ª da Caridade

A Freguesia também era denominada Nossa Senhora da Caridade e a sua fundação remonta ao século XV. A capela curada de Santa Maria da Caridade foi visitada por Jorge Lopes, clérigo, em 25 de junho de 1534.  O orago da Ermida será Nossa Senhora da Caridade, mas, segundo a tradição, inicialmente seria Nossa Senhora da Claridade, dado o milagre que ocorreu com D. Afonso Henriques, que, no local, e numa investida contra os mouros, viu chegar a noite no campo de batalha e invocou o patrocínio de Nossa Senhora da Claridade, que o serviu com uma grande luz, permitindo-lhe alcançar a desejada vitória. Na igreja, de uma só nave, são descritos seis altares: São Miguel, Santo António, Nossa Senhora do Rosário, São Sebastião, do Senhor Jesus, sendo o maior o de Nossa Senhora da Caridade. Contava com duas irmandades, uma de Santo António e outra de Nossa Senhora.

Igreja Paroquial de São Marcos do Campo

Os livros paroquiais mais antigos da paróquia de São Marcos do Campo datam de 1587, mas a paróquia já existiria desde finais do século XIII. A igreja quinhentista conheceu importantes obras no século XVIII, em consequência do terramoto. Destaca-se, na decoração interior, a presença da talha barroca e de alguns frescos do período joanino. Em 1758, a freguesia compreendia 5 aldeias: a de São Marcos, a aldeia da Cumeada, a aldeia do Campinho, a aldeia dos Caieiros e a aldeia da Ravasqueira, estas duas entretanto extintas. A sede paroquial, em 1758, situava-se na aldeia de São Marcos, com igreja de nave única abobadada (como atualmente se mantém). Tinha três altares: do lado da Epístola, o de Nossa Senhora do Rosário, do lado do Evangelho, o de Santo António, sendo o principal o de São Marcos. Os primeiros altares citados (Nossa Senhora do Rosário e Santo António), ainda existentes, são os mais antigos, com frescos e talha de inícios do século XVIII. Dependiam da paróquia três ermidas: a de Nª Srª da Conceição, no Roncão d’El Rei, a de S. Tiago, na herdade do Morgado dos Peixinhos, pertença dos Lucenas, de Vila Viçosa, e a de Santo Amador (fundada em inícios do século XVIII na herdade de Francisco Nunes Balancho), nenhuma delas com romagens. Nem a paroquial, nem as citadas ermidas, terão sofrido danos graves com o terramoto de 1755, segundo o cura.